Foi o pior shabat de sua vida. O que era
para ser dia de descanso tornou-se uma tormenta. O estridente cantar do galo
naquela madrugada soou-lhe aos ouvidos como acusação. Estava arrasado. Tudo se
perdera.
Num ouvido ecoava a voz acusadora do
tentador: “Você é um traidor, você o negou! Você é meu!”. Sua consciência o acusava:
“Ainda que todos te abandonem, eu nunca te abandonarei!... Estou pronto para ir
contigo para a prisão e para a morte... Mulher, não o conheço... Eu não sou um
deles... Homem, não sei do que você está falando!”.
Lágrimas. Choro amargo. Dor.
Solidão. Pensamentos correm velozes sugerindo solução humana. Lembra-se do
companheiro de caminhada. Novamente, o tentador: “Você fez pior do que ele!”.
Tudo se acabou. Ele está no túmulo. Aqui, um covarde.
No outro ouvido ecoa a voz suave e
terna: “O Pai lhe dará outro Conselheiro para estar com você para sempre... Ele
estará com você e estará em você... Não o deixarei órfão; voltarei para você...
No mundo, terá aflição, mas tenha bom ânimo, eu venci o mundo”.
Ele se lembra do olhar. Aquele olhar.
Olhar terno. Olhar perdoador. Olhar encorajador. Reanima-se. Levanta a cabeça.
Prossegue! É transformado num baluarte.
Ah, o olhar! Não importa o que se
tenha feito, Ele dirige o seu olhar! Olhe para o Mestre! A vida voltará!
Nenhum comentário:
Postar um comentário