domingo, 27 de março de 2016

O púlpito e a educação moral e cívica

     Por Carlos Alberto Betinho*

        Púlpito é o lugar alto de onde fala o orador. No âmbito religioso, é o local de onde se proferem as mensagens que vêm de Deus.
Educação Moral e Cívica (EMC) e Organização Social e Política Brasileira (OSPB) foram matérias de ensino obrigatórias no Brasil criadas durante o governo de Getúlio Vargas e que visavam ensinar aos alunos valores morais e cívicos.
Hoje temos um grande problema, pois além de não conhecer os símbolos nacionais (a Bandeira Nacional; o Hino Nacional; as Armas Nacionais; e  o Selo Nacional), o brasileiro perdeu a noção de civilidade, de patriotismo, de direitos e obrigações.
Será que as igrejas por agregarem uma parte considerável da população não poderiam ocupar o vácuo que ficou com a extinção das citadas matérias e repassar noções de cidadania, incluindo visão do panorama sociopolítico-econômico do país?
Certamente levantarão vozes afirmando que o púlpito não é lugar de politicagem. Concordo, mas pode ser um local de informação para que os fiéis não se iludam pela fala de conhecimento, aliás na época do profeta o povo estava sendo destruído por falta de conhecimento (Oseias 4.6).
A falta de conhecimento destrói, arruína, faz com que o povo pereça. Há necessidade de se falar sobre ética, moral, justiça e valores que são desse mundo, pois antes de ser um cidadão do céu, o povo está (de passagem) com os pés na terra.
Muitos irmãos são influenciados de forma negativa por líderes que tem a congregação como curral eleitoral e obriga os fieis a “fecharem” com candidatos, partidos políticos e liderança, cuja moral é questionada.
Não devemos nos conformar com esse mundo, mas transformar com a renovação de nossas mentes. Será que Deus se agrada de ver tanta injustiça na Terra? Será essa é a boa e agradável vontade d'Ele?
Como conciliar a palavra que sai do púlpito com a necessidade imediata do povo por justiça, igualdade, liberdade e fraternidade? Se o obreiro não quiser usar o púlpito por conta de suas convicções, que use o espaço mais adequado para orientar o rebanho, haja vista que a Bíblia fala de cada um dos problemas atuais: tributos, autoridades, honestidade, isonomia, respeito ao próximo, corrupção, dentre tatos outros.
O membro cidadão não pode ficar alheio ao que ocorre no seu país, na sua sociedade, com os representantes que escolhe. Não pode ficar indiferente a respeito da necessidade de exercer a cidadania através do voto e dos demais direitos, mas com a devida consciência dos seus deveres. O cidadão do céu não pode ser um ignorante das coisas da Terra, pois Deus separou bênçãos sem fim para serem gozadas ainda neste mundo, bênçãos que estão sendo surrupiadas por homens corruptos e sem escrúpulos.
O púlpito não é palanque eleitoreiro, não é local onde se proferem palavras de manobra, não é cabide de emprego. Mas quando Jesus falou: “dai a César o que é de César”, ele educou e não deixou de pregar ao concluir pedindo os ouvintes que dessem a Deus o que é de Deus.
Temos de ter esperança que a situação do país mudará, mas o cristão tem que fazer a parte que lhe cabe. Cada decisão proferida atinge cristãos e não cristãos. Os líderes precisam compreender melhor como ler a realidade a partir da revelação bíblica e fazer os fieis verem a realidade revelada.
Por fim, urge a necessidade de os eleitores cristãos serem informados e mais ativos, influenciando o processo político.

*Carlos Alberto de Oliveira é advogado, funcionário público do Ministério do Trabalho, membro da Primeira Igreja Batista de Pilar, Duque de Caxias, RJ e escritor.

2 comentários:

  1. Perfeito! O problema é que muitas vezes o próprio líder não possui noções de civilidade, de patriotismo, de direitos e obrigações.

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  2. Concordo com Jonatas Nascimento e gostaria de acrescentar o fato de que precisamos, como cristãos, entender que a visão da humanidade está prejudicada pelas trevas do pecado e que muitas vezes o próprio cristão em razão das concupiscências da carne têm a visão distorcida e equivocada. A mensagem transformadora do evangelho de Cristo Jesus precisa ser pregada, precisa se crida e fundamentalmente, precisa ser vivida.

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