sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

SEM A GRAÇA, VEM A DESGRAÇA


Pr. Josué Mello Salgado
 
A história de Ananias e Safira, narrada em Atos 5: 1-11, traz para todos nós preciosas lições sobre problemas vividos por igrejas, para os quais devemos bem atentar e enfrentar biblicamente.

Com o episódio, aprendemos que a igreja vive problemas quando o comportamento de seus membros não corresponde com a natureza de novas criaturas, tendo em vista que uma igreja é a reunião de pessoas “chamadas para fora” do mundo (do gr. ekklesia). Na cultura semita, ordinariamente, o nome de uma pessoa corresponde ao seu caráter, personalidade, temperamento ou natureza. Em Atos 4: 36-37, aprendemos que um certo José (i.e. “exaltado”), cognominado pelos apóstolos de Barnabé (i.e. “filho da consolação”), fez um ato de extrema liberalidade, vendendo um campo e doando o resultado para suprir os necessitados da igreja. Ananias (i.e. “a quem o Senhor tem dado graciosamente”), vendo que José alcançara boa reputação perante a comunidade, por sua atitude, também vendeu uma propriedade ofertando, entretanto, apenas uma parte do resultado da venda como se fora o total. Tudo o que somos e fazemos é fruto da Graça, i.e., do favor imerecido de Deus. Ananias, apesar de ser alguém a quem o Senhor presenteara com Graça, tentou granjear prestígio perante a comunidade a partir de esforços pessoais, usando de mentira e manifestando uma religiosidade de fachada, de aparências. Curto: A atitude de Ananias não correspondia ao seu nome, e muito menos à nova natureza.

Com o episódio, também aprendemos que quando a igreja vive problemas deve enfrentá-los com a verdade. Para evitar constrangimentos, e até poupar duas vidas, Pedro poderia ter participado da dissimulada liberalidade de Ananias, mas resolveu, ao contrário, enfrentar a mentira, ou a meia-verdade, com a verdade inteira. Ninguém gosta de problemas, e talvez por isso costumamos “colocar panos quentes” sobre os problemas. Mas, fechar os olhos para o diagnóstico de uma doença não cura. A cura só acontece quando se enfrenta a doença toda.

Com o episódio, aprendemos ainda que a severidade do castigo dado por Deus a Ananias e Safira demonstra que Deus leva a sério os problemas de igrejas. As sete cartas às sete igrejas da Àsia, registradas em Apocalipse, capítulos dois e três, mostram como Deus leva a sério os problemas, os defeitos e os pecados dentro das igrejas. Em 2 Crônicas 7: 12-16, é revelado que os olhos e o coração do Senhor estão fixos sobre a Igreja, “todos os dias”. Deus ama a Igreja e a inteireza do seu Ser está fixada sobre a Igreja. Deus também vê tudo o que se passa com sua Igreja.

Finalmente aprendemos, com o episódio, que o enfrentamento bíblico dos problemas de igrejas leva à prosperidade. Como resultado do severo castigo, “um grande temor veio sobre todos os que isto ouviram” (Atos 5: 5) e “houve um grande temor em toda a igreja e em todos os que ouviram estas coisas” (Atos 5: 11). O enfrentamento bíblico dos problemas leva à prosperidade da igreja e os valores a serem usados são sempre a verdade e o amor (Efésios 4: 15). Nem amor sem verdade, nem verdade sem amor! O não enfrentamento bíblico pode aparentemente resolver um problema, mas o efeito será sempre desastroso para a vida da igreja.

É impossível viver eclesialmente sem experimentar problemas e conflitos. E, contudo, jamais devemos nos resignar aos problemas por um lado, e jamais tentar enfrentá-los de uma forma que não seja a bíblica. Afinal, a Igreja pertence a Jesus, e Ele é quem deve dizer como ela deve ser, existir e funcionar!

AEDIFICABO  ECCLESIAM  MEAM (Mat. 16: 18, VULGATA)

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