quinta-feira, 23 de maio de 2013

Pré e Pós-eleição: o fenômeno da presença e da ausência


Pr. Neemias Lima

Encontro um homem meio desesperado. Está desempregado. Reclama. Informa que até sete outubro de 2012, certo candidato se aproximou dele. Pediu seu apoio. Prometeu, caso ganhasse, dar-lhe atenção e até emprego. Conquistado o apoio, cartão com telefone. A qualquer hora, ligação atendida. Sorrisos, abraços, tapinha nas costas, convite para encontros, reuniões com cafés, churrascos, citações nos discursos, comícios com direito a levar em casa altas horas, uma conta paga aqui, favores atendidos sem reclamação. Bebidas, cigarros, mulheres bonitas, beijinho pra lá, beijinho pra cá.

Voto garantido. Eleição vencida. Outubro, tempo de festejos. Celebrações. Sorrisos, abraços, tapinha nas costas... Ligações atendidas esparsamente, mas com sorriso e promessa: fique tranquilo, espere eu assumir. 1º de janeiro era esperado como Papai Noel. Novembro, ligações atendidas em espaço maior. Perda do telefone e mudança de número. Carro trocado e, agora, insulfilm.

1º de janeiro chegou. É a hora. Encontro festivo na posse. Promessa renovada: fique tranquilo, espere arrumar a casa, sabe como é, preparação do governo. Final de janeiro. Confusão ainda não resolvida. Mas promessa reiterada, fique tranquilo.

Fevereiro. Carnaval. Viagem. Treinamento. Ligação menos atendida. Gabinete de trabalho vazio. Assessores bem felizes informam que está em reunião, mas seu nome está aqui na mesa.

Março. Ligação... nada. Mudança de moradia. Acidentalmente se encontram, sorriso menos largo e justificativa: confusão entre Legislativo e Executivo, o assunto é só este. Mas fique tranquilo. Uma continha pequena paga.

Abril. Nada.

Maio. Devendo. Aluguel atrasado. Triste. Mulher reclamando. Filho suplicando. Autoestima se desbarrancando. Confiança afugentando. Paz, quando! Súplica. Oração. Igreja. Corrente.

Encontro comigo. Dó. Coração aflito.  Pede socorro. Mas, que fazer? Não tenho oferta de emprego (nem sei se quer trabalho). Mas sou cristão. Pergunto: tem fome? Tenho que dar o peixe. Mas tenho que dar também a vara, não da disciplina, da pesca. Parece não satisfazer. Fazer o quê?

Assim é a vida de muitos. Quem é culpado? Os dois: quem comprou e quem vendeu o voto. Mais até quem vendeu, para mim.

Julho de 2014. Certo candidato se aproxima. Pede apoio. Promete, caso ganhe, dar-lhe atenção e até emprego. Conquista o apoio, cartão com telefone. Atende ligação. Sorrisos, abraços, tapinha nas costas, convite para encontros, reuniões com cafés, churrascos, citações nos discursos, comícios com direito a levar em casa altas horas, uma conta paga aqui, favores atendidos sem reclamação. Bebidas, cigarros, mulheres bonitas, beijinho pra lá, beijinho pra cá.
É o ciclo. 
É o fenômeno da presença e do ausência.

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