quinta-feira, 2 de abril de 2020

Pr. Elildes Junio, Presidente da Convenção Batista Fluminense: "Precisamos pensar nos pastores e sermos mais diretos nas sugestões/recomendações às igrejas, que são sensíveis à voz do Espírito. Autonomia não é independência".

Pr. Elildes Junio Macharete Fonseca
Presidente da CBF
Pr. Elildes Junio é, possivelmente, o mais jovem presidente de convenção estadual entre os batistas do Brasil. Caminhava serena e celeremente com os programas da Convenção Batista Fluminense, projetando uma assembleia dinâmica e bem contextualizada em Campos, mas experimenta o surgimento de uma pandemia que tem colocado todo o mundo de joelhos: os cristãos, em oração e adoração ao Eterno; os não cristãos, crédulos, em petições variadas; os não cristãos descrentes, em dramática prostração.

Com o mesmo entusiamo que imprime na direção dos trabalhos, o jovem presidente se lança ao desafio de enfrentar esse inimigo invisível e abre o coração para o momento que se vive como nação, as lutas das igrejas e assume um tema que, de certa forma, é provocante:


"Autonomia não é independência. É preciso entender que, como organização denominacional, só sobreviveremos se cultivarmos, mercê da Graça de Cristo, a interdependência. Temos de dar o exemplo". 

Acompanhe a entrevista abaixo:

Que efeitos tem esse tempo de Coronavírus para a Convenção Batista Fluminense?

Pensar em efeitos para a Convenção Batista Fluminense é pensar, primeiramente, em efeitos para as igrejas. Conversando sobre essa situação com o meu avô, Leôncio, ele disse: “tenho 97 anos de idade, quase 80 anos de vida cristã; é a primeira vez que vejo fechar as igrejas”, referindo-se aos templos. Sem dúvida, estamos diante de um fato inédito, que mudou drasticamente a rotina das igrejas. Estamos nos reinventando para prosseguir a missão. Pela bondade divina, as igrejas continuam vivas e ativas. Creio que sairemos mais fortes desse tempo de pandemia. Mas, obviamente, estamos lidando com complexidades advindas da quarentena. A Convenção também está sofrendo os mesmos efeitos e impactos das igrejas. Nossos colaboradores estão em home office e nosso diretor executivo, Pr. Amilton Vargas, com competência, destreza e apoio da diretoria, está promovendo os ajustes necessários para que a Convenção consiga passar pela pandemia saudavelmente, nos diversos aspectos que envolvem uma organização religiosa. Também está desenvolvendo, juntamente com a equipe de gestores, ações para que a Convenção seja útil e relevante neste tempo de crise, com projetos que estão sendo divulgados nas nossas mídias. Estamos fazendo a nossa parte, com modéstia e ousadia.

São, aproximadamente, 1500 igrejas no campo da Convenção e muitas delas de pequeno porte que, possivelmente, sofrerão mais nesse tempo, inclusive com pagamento aos pastores. Como a Convenção está avaliando esse quadro?

A Convenção está ciente e consciente dessas possíveis consequências, pois já está “sentindo na pele” o que as igrejas poderão enfrentar. É um efeito cascata. O Plano Cooperativo já reduziu impetuosamente. Faremos o possível, pois a Convenção nunca foi e não será insensível a nenhuma demanda de nossas igrejas. Sei que não é um assunto para este momento, mas nós, batistas, precisamos nos dedicar ao tema. Precisamos pensar nos pastores e sermos mais diretos nas sugestões/recomendações às igrejas, que são sensíveis à voz do Espírito. Autonomia não é independência. É preciso entender que, como organização denominacional, só sobreviveremos se cultivarmos, mercê da Graça de Cristo, a interdependência. Temos de dar o exemplo. Auxiliados pelo Senhor e com coragem, a gente consegue reverter esse quadro. Mudanças para melhor devem ser bem-vindas. Que bom seria se esse “terremoto emocional” da pandemia nos levasse a rever nossas prioridades! É hora de agir e avançar. Deus está nos ensinando verdades profundas, usando o contexto da pandemia.

Em comunicado, a Convenção informou a suspensão impressa da Revista Palavra e Vida para o segundo trimestre e encaminhou o texto em PDF, o que é pertinente, em função da paralisação das atividades. Isso gerará no trimestre uma economia de, aproximadamente, 100 mil reais. Qual será o destino desse recurso?

A revista impressa foi suspensa porque a distribuição, que estava em andamento, foi interrompida. Não foi permitida a passagem do caminhão para realizar a entrega na maior parte do campo. Poucas igrejas receberiam, o que causaria um transtorno. Diante dessa eventualidade, a Convenção decidiu deixar essa revista para trimestre posterior e publicar uma revista virtual, reeditando as lições do saudoso Pr. Isaltino. Não haverá economia no trimestre, porque os recursos já foram empregados, a revista já foi produzida. Seria providencial se tivéssemos a economia desse valor no presente trimestre, porque seria uma medida compensatória, pelo menos parcialmente, uma vez que estamos com as entradas da Convenção reduzidíssimas.

Reunião do Conselho de Planejamento teve que ser cancelada e todos os eventos da Convenção que envolvem público. E a Assembleia em julho na cidade de Campos, corre risco de ser adiada, cancelada?

Ainda é cedo para “bater o martelo”, mas corre risco sim, dependendo do desenrolar da pandemia. A princípio, o evento está mantido. Pela logística, há uma data limite para essa tomada de decisão. Aguardemos os próximos capítulos.

Mensagem final aos batistas fluminenses.

Deus está conosco! É tempo de prudência, de zelo redobrado; porém, não é tempo de pânico. Agradecemos às igrejas cooperantes e aos pastores por terem acolhido as sugestões da Convenção. Somemos forças. Continuemos incessantes na oração. Persistamos na fidelidade a Deus, em todos os aspectos. Que Ele seja glorificado sempre e nos abençoe continuamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário