domingo, 16 de agosto de 2020

Brasileira residente nos Estados Unidos apresenta suas percepções sobre este dramático momento em que todos sofrem

Ela reside nos Estados Unidos desde 1998. Uma viagem que, a princípio tinha a missão de levar as sobrinhas e passear, acabou se transformando numa caminhada nova e, vinte e dois anos depois, a brasileira, que não esquece sua terra, experimenta a situação mais difícil nesse período. Várias outras crises aconteceram, mas a atual se reveste de desdobramentos muito intensos e tensos, considerando, que distante dos familiares, experimentou a perda de seu irmão por conta do COVID 19. Ele era um visionário empresário, cristão exemplar e que servia ultimamente como membro da Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro.

Esther Garabito teve sua caminhada cristã com início na Primeira Igreja Batista de Pendotiba, Niterói, e desde adolescente atuava na área musical, tendo sido seus pais líderes muito cooperadores na denominação batista fluminense.

Na América do Norte, Esther casou-se com um cristão adventista, teve o filho Esteban David e frequentou esta Igreja por sete anos, deixando por compreender de maneira diferente várias questões. Em Reno, no estado Nevada, administra uma empresa na área de festas e, hoje, sua vida está totalmente ligada à vida americana.

Como uma mulher brasileira está vivendo a realidade da Pandemia num país tão distante?

Quando vim para os Estados Unidos, jamais pensei em ter uma residência permanente neste país, meu objetivo era trazer minhas sobrinhas (porque minha irmã já vivia aqui) e regressar para o Brasil. Cheguei no dia 2 de junho de 1998, insistiram que eu ficasse até o Natal e fui ficando até hoje. É muito difícil viver longe do seu país, principalmente longe da sua família, pagamos um preço alto e, nestes momentos, o que mais queremos é estar perto da nossa família. É muito triste você saber que perdeu um irmão, estando distante. Penso que é algo que é muito difícil de superar.

Quais as dificuldades enfrentadas nesse tempo estando tão distante de sua terra natal?

A maior dificuldade que eu enfrento é a saudade, não sabemos o que vai passar, não sabemos o que Deus tem preparado para nós. Saio para trabalhar com muita fé e confiança que Deus é meu protetor.

Conhecendo a realidade brasileira e vivendo a realidade americana, quais as diferenças e semelhanças no enfrentamento da Pandemia?

Aqui falta pouco para chegarmos aos 4 milhões de infetados. E o Presidente Trump preocupado com a economia e com sua campanha eleitoral. Que triste saber que para muitos não importa o sofrimento das pessoas, crianças que ficaram sozinhas sem pai e mãe, que hoje estão aos cuidados do governo. Se fôssemos contar tudo, escreveríamos um livro.


Esther e seu filho Esteban Garabito

Como encararam o problema as Igrejas evangélicas americanas?

As igrejas em Reno encaram este problema com muita cautela. O que mais me impressionou é que, apesar de toda regra do distanciamento, as Igrejas não deixaram de ajudar a comunidade com comida e roupa. Existem muitas famílias com dificuldade, sem trabalho. E as Igrejas tanto, americanas como Spanish, tem ajudado muito a comunidade. Um trabalho muito bonito.

Em algum momento, você sentiu medo da realidade da Covid 19?

A princípio não senti medo, mas, depois que meu irmão veio a falecer pelo Covid19, sim passou a me dar medo.

Que lições se pode tirar desse problema para a vida de modo geral?

Muitas lições podemos tirar. Eu em particular, tenho aprendido muito. A dependência que temos que ter de Deus, penso que seremos totalmente diferentes, depois que tudo isto passar. Às vezes, nos preocupamos com tantas coisas banais e nos esquecemos que ao nosso redor existem pessoas sofrendo, necessitadas, pessoas que estão desesperadas, aflitas e angustiadas com toda esta situação e nós, como cristãos, não podemos ficar de braços cruzados. Deus está esperando algo dos seus filhos.

Considerações finais:

Quando voltarmos a nos reunir como Igreja, as coisas não podem ser iguais, devemos estar mais comprometidos com Deus, e não achar que a casa de Deus é um clube, uma reunião social. Deus espera que regressemos diferentes. Nós, como cristãos, não deveríamos estar surpresos com tudo que está passando, porque é necessário que tudo isto passe, para que venha o fim. Deus é soberano, e isto que deve estar gravado na nossa mente. Que Deus é Soberano. Estamos nas mãos de Deus. Precisamos acreditar na Estrela da manhã - Jesus.

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