terça-feira, 30 de agosto de 2011

COMO IDENTIFICAR E TRATAR A DEPRESSÃO


Elisabete Fernandes Almeida é escritora e editora médica, com especialização pela Universidade de Harvard, EUA, em projetos de Educação Médica Continuada, tanto para médicos como para a população em geral.
A sua formação médica inclui Saúde Física, Saúde Mental e Nutrição. Além disso, Elisabete trabalha com renomados profissionais da área de Nutrição, Medicina Esportiva, Fisioterapia e Psicologia, que lhe dão assessoria na parte editorial.
Elisabete é presidente da Latin-Med Editora Médica, editora médica da Conexão Médica, diretora do departamento de Educação Médica para Leigos da Associação Paulista de Medicina e atua em vários sites médicos, como e-Medicine, Lincx e Harvard Medical Review.


A depressão é um transtorno que afeta o humor, o comportamento, as emoções e a saúde física. Muitos acreditavam que o problema "está na cabeça" e que se o doente realmente tentar, pode "sair desta". Os médicos, agora, reconhecem que a depressão não é uma fraqueza e que não é possível o doente tratá-la sozinha. Trata-se de uma doença causada por alterações bioquímicas no organismo.

Em alguns casos, a depressão pode ser desencadeada por um evento estressante. Outras vezes, parece ocorrer espontaneamente, sem motivo aparente. Qualquer que seja a causa, envolve muito mais do que humor deprimido ou tristeza.

Pode ocorrer apenas uma vez na vida, entretanto, ocorre geralmente na forma de episódios repetidos, com intervalos de remissão completa. Pode, ainda, ser uma condição crônica, necessitando de tratamento contínuo durante toda a vida.


SINTOMAS DA DEPRESSÃO

As duas alterações principais – sintomas fundamentais para o diagnóstico – são:

Perda do interesse em atividades diárias habituais
Você perde o prazer ou o interesse por atividades que realizava normalmente. Isto é chamado de "anedonia".

Humor deprimido
Você se sente triste, sem esperança, impotente e pode ter crises de choro. Para um médico ou outro profissional de saúde diagnosticar a depressão, a maioria dos sinais e sintomas abaixo deve estar presente na maior parte do dia, quase todos os dias, or um período mínimo de duas semanas.

Distúrbios do sono
Dormir muito ou pouco pode ser um sinal de depressão. Acordar no meio da noite ou muito cedo e não ser capaz de retomar o sono são sintomas típicos.

Dificuldade de concentração ou de raciocínio
Você pode ter dificuldade para se concentrar ou tomar decisões e apresentar distúrbios de memória.

Ganho ou perda significativa de peso
Aumento ou redução do apetite e perda ou ganho de mais de 5% do peso normal, sem motivo, aparente pode indicar depressão.

Agitação ou lentidão dos movimentos do corpo
Você pode parecer cansado, agitado e ficar irritado com facilidade. Ou pode parecer fazer tudo em câmera lenta e responder vagarosamente, com tom de voz monótono.

Fadiga
Você sente cansaço e falta de energia quase todos os dias. Também pode se sentir tão cansado pela manhã quanto ao ir dormir na noite anterior.

Baixa auto-estima
Você se sente sem valor e com sentimento de culpa excessivo.

Menor interesse por sexo
Em caso de pacientes sexualmente ativos, pode-se notar uma dramática diminuição no nível de interesse por relações sexuais.

Pensamento de morte
Você tem uma visão negativa contínua de si mesmo, da sua situação atual e do seu futuro. Além disso, pode pensar em morte ou suicídio.


PRINCIPAIS TIPOS DE DEPRESSÃO

  • Depressão maior: este tipo de distúrbio de humor dura mais do que duas semanas. Os sintomas incluem sentimentos de intensa tristeza e sofrimento, perda de prazer ou interesse por atividades das quais geralmente se gosta e sentimentos de baixo-estima ou culpa. Este tipo de depressão pode resultar em distúrbios do sono, fadiga grave, dificuldade de concentração, alterações de apetite e até suicídio.

  • Distimia: a distimia é menos grave, entretanto, é uma forma de depressão mais prolongada. Dura, no mínimo, dois anos e, geralmente, mais do que cinco. Os sintomas não costumam ser incapacitantes e os períodos de distimia podem se alternar com pequenos períodos de normalidade. Pacientes com distimia apresentam maior risco de desenvolverem depressão maior.

  • Transtornos de adaptação: se algum ente querido morre, você perde o emprego ou recebe um diagnóstico de câncer, é perfeitamente normal sentir ansiedade, tristeza ou irritação. A maioria das pessoas consegue superar as conseqüências destes eventos, mas algumas não. Isso é conhecido como "transtorno de adaptação", ou seja, quando a resposta frente a um evento ou situação estressante é responsável por sinais e sintomas de depressão.

  • Transtorno bipolar: os episódios recorrentes de depressão e elação (mania) são característicos do "transtorno afetivo bipolar". Por envolver emoções em dois extremos, é chamado de bipolar (ou maníaco-depressivo). A mania compromete a capacidade de julgamento do doente, levando-o a tomar decisões imprudentes. Algumas pessoas têm ataques de aumento de produtividade e criatividade durante a fase de mania.

    Muitas pessoas com depressão também apresentam sintomas de ansiedade. A ansiedade que se desenvolve após os 40 anos de idade é geralmente ligada à depressão, e não um problema independente.


    CAUSAS DA DEPRESSÃO

    Não há apenas uma causa para a depressão. A doença, muitas vezes, é familiar. Muitos especialistas acreditam que uma vulnerabilidade genética associada a fatores ambientais, como estresse e outras doenças, pode desencadear um desequilíbrio de neurotransmissores no cérebro, resultando em depressão. Três neurotransmissores - serotonina, noradrenalina e dopamina – parecem estar relacionados à doença.

    Entre os fatores que contribuem para a depressão, destacam-se:

    - hereditariedade: pesquisadores identificaram vários genes que podem estar envolvidos no transtorno bipolar, e continuam pesquisando outros genes ligados a outros tipos de depressão. Entretanto, nem todos os pacientes que apresentam histórico familiar de depressão desenvolvem a doença.

    - estresse: eventos estressantes, particularmente a perda ou a ameaça da perda de emprego ou de um ente querido, podem desencadear depressão.

    - medicações: o uso prolongado de certos medicamentos, como drogas usadas no controle de hipertensão, pílulas para dormir ou anticoncepcionais, em alguns casos, podem causar sintomas de depressão.

    - doenças: doenças crônicas como diabetes, acidente vascular cerebral, câncer, doenças cardíacas ou doença de Alzheimer aumentam o risco de depressão. Estudos revelam uma possível relação entre a depressão e as doenças cardíacas. A depressão pode ser encontrada em até metade dos pacientes com infarto do miocárdio. Quando não tratada, pode levar à morte, principalmente nos anos iniciais após um ataque cardíaco. Pacientes com função tireoideana diminuída (hipotireoidismo) também têm maior risco de depressão.

    - personalidade: alguns traços de personalidade como baixa auto-estima, dependência extrema, autocrítica elevada, pessimismo e maior vulnerabilidade ao estresse podem tornar uma pessoa mais vulnerável à depressão.

    - depressão pós-parto: é comum gestantes apresentarem uma forma leve de transtorno de humor poucos dias ou semanas após o parto. Durante este período, podem ser observados sentimentos de tristeza, ansiedade e irritabilidade. Uma forma mais grave da depressão pós-parto afeta até 25% das mulheres após a primeira gestação.

    - álcool, nicotina e drogas: antigamente, especialistas acreditavam que pessoas com depressão consumiam álcool, nicotina e outras drogas como forma de alívio, mas estudos recentes comprovaram que o uso destas substâncias pode, na verdade, contribuir para o aparecimento da depressão e de outros transtornos ansiosos.

    - dieta: deficiências de ácido fólico e vitamina B12 podem causar depressão. Baixos níveis destas substâncias estão ligadas a uma pior resposta aos medicamentos antidepressivos.


    QUANDO PROCURAR AJUDA MÉDICA

    Se você se sente triste, cansado ou com sentimento de menos-valia, se seus hábitos alimentares e de sono mudaram ou se você mostra pouco interesse em atividades que antes eram agradáveis, procure um médico de sua confiança para descobrir se você sofre de depressão.

    Se você conhece alguma pessoa com estes sintomas, incentive-a a procurar ajuda profissional.


    TRATAMENTO DA DEPRESSÃO

    Para o diagnóstico correto, o médico deve realizar alguns exames, também para descartar condições que podem causar sintomas semelhantes aos encontrados em pacientes com depressão. Com base nos sintomas da doença, é possível estabelecer o diagnóstico correto.

    Uma vez iniciado o tratamento de depressão, o paciente deve fazer também um controle diário dos seus hábitos. Algumas recomendações:

    - consulte o seu médico regularmente, pois ele pode acompanhar o seu progresso, fornecer apoio e, se necessário, ajustar a medicação

    - tome a medicação corretamente, e achar a mais adequada para o seu caso pode exigir várias tentativas e levar algumas semanas para que os resultados comecem a aparecer; uma vez que se sentir melhor, você deve continuar a medicação, conforme prescrição médica

    - não se isole, tente participar das suas atividades rotineiras normalmente e procure seus amigos para manter sua vida social

    - tome conta de você adotando uma dieta alimentar saudável, fazendo exercícios e dormindo bem; lembre-se de que a atividade física pode auxiliar no tratamento de algumas formas de depressão, aliviando o estresse e ajudando no relaxamento

    - evite o consumo de álcool e de drogas, pois o excesso destas substâncias dificulta a sua recuperação



    Dúvidas e sugestões sobre esta coluna devem ser encaminhadas para o e-mail ceoelisabete@latinmed.com.br



  • Fonte:COMO IDENTIFICAR E TRATAR A DEPRESSÃO – Saúde - Jornal Carreira e Sucesso


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