sábado, 20 de abril de 2013

Escola Bíblica Dominical - Lição 3 - 21.04.2013


O testemunho apostólico 
Texto bíblico: Gálatas 1.11-24
Texto áureo: 2 Timóteo 1.8

Neste estudo, abordaremos um depoimento pessoal de Paulo, o apóstolo dos gentios (Ef 3.8; 1Tm 2.7). Interessa-nos, principalmente, destacar a fonte, a natureza e os desdobramentos desse testemunho apostólico, procurando, assim, estabelecer uma relação com a proclamação da igreja de Cristo, hoje.

A fonte do testemunho apostólico
É muito importante o destaque dado por Paulo à origem de seu apostolado, por dois motivos:

(1) primeiro, para esclarecer que ele não traz uma mensagem nova, mas, simplesmente, passa a mensagem divina adiante. Ao cumprir sua missão, Paulo tornou-se o principal intérprete das profecias messiânicas do Antigo Testamento (1Tm 1.15).

(2) segundo, para defender-se daqueles que procuravam denegrir sua imagem e seu testemunho perante a igreja (Gl 5.11). Esses opositores induziam os gálatas ao erro, movidos por inveja e sentimento faccioso (Gl 5.26). Portanto, ao apelar para a revelação de Jesus Cristo como a fonte do seu testemunho (Gl 1.1,12; 1Co 9.1), o grande mestre cristão desnuda seus opositores. Nenhum deles havia passado pela experiência do encontro com o Salvador e, por essa razão, não andam na verdade do evangelho (Gl 2.5).

O fator que sobressai no apostolado de Paulo é a graça soberana de Deus por intermédio de Cristo (Gl 1.12,15). A revelação de Jesus causou não apenas a radical conversão de Paulo – pelo abandono da atitude extremista farisaica (At 26.11; Fp 3.4-6) – mas também sua consequente vocação para pregar aos gentios (At 9.15; Gl 1.16).

Nossa fonte de revelação, hoje
O mesmo evangelho da livre graça que fora dado a Paulo, por revelação direta da parte de Jesus Cristo , encontra-se disponível à igreja, hoje.
Não nos referimos com isso às revelações especiais que suscitam os apostolados modernos, mas tão somente à revelação do mistério da fé, que é Cristo, esperança da glória (Cl 1.26,27).
Portanto, a fonte divina do testemunho da igreja ao mundo é a palavra da verdade, o evangelho da salvação (Ef 1.13). Por meio das Boas-Novas, descortina-se o eterno propósito divino, pelo sangue de Cristo, de oferecer ao mundo a redenção, segundo a riqueza da sua graça (Ef 1.7-9).
O desvendar do mistério do evangelho, pelo testemunho da pregação, apresenta as implicações seguintes:
• suscita, da parte da igreja, a vigilância em oração com o intuito de encorajar os mensageiros diante da qualquer resistência (Ef 6.18,19; Cl 4.3);
• exige a exposição profética das Sagradas Escrituras e uma resposta de fé da parte dos ouvintes (Rm 16.25,26).

Como podemos intensificar nossa relação com a Bíblia Sagrada, fonte inesgotável de vida e de salvação?

De que maneira podemos estimular a oração pelo pastor e demais pregadores do evangelho na igreja?

A natureza do testemunho apostólico
O que podemos depreender da atividade apostólica em o Novo Testamento? Que significados podem ser extraídos da expressão “apóstolo”?

Dentre os sentidos do termo apóstolo, destacam-se as definições seguintes:
(1) alguém escolhido para levar uma mensagem;
(2) alguém enviado por outrem com uma mensagem a transmitir;
(3) alguém que recebeu uma comissão diretamente de Deus para representá-lo.

Em Gálatas 1.17, Paulo fala dos primeiros apóstolos. Foram homens nomeados e treinados por Jesus para dar continuidade à sua missão redentora (At 1.21.22).  Entre os principais deveres apostólicos estavam a pregação (At 4.33; 1Co 1.17), o ensino (2Pe 3.2; Mc 6.30) e a administração da igreja  (At 4.34-37; 15.6,22; 16.4).

O evento que desencadeia o testemunho apostólico é o encontro com o Senhor ressurreto (1Co 15.6,7) – fato, inclusive, alegado por Paulo (1Co 15.8). A ênfase dada a essa tarefa testemunhal leva Paulo a designar alguns de seus cooperadores como apóstolos , não como termo técnico, mas como “mensageiros autorizados do evangelho” (2Co 8.23; Fp 2.25; Rm 16.7).

Quais os desdobramentos da ressurreição do Senhor Jesus para o testemunho cristão? (Rm 1.4; 1Pe 1.3)

Nosso testemunho, hoje
No Brasil, em anos recentes, o termo apóstolo vem sendo retomado por grupos neopentecostais de diferentes denominações. Essas instituições alegam que seus apóstolos – e apóstolas – pertencem à mesma linha sucessória que se desenvolveu nos primórdios da igreja primitiva. Afirmam, também, que seu ministério é resgatar para a igreja a sua verdadeira vocação e missão, a partir do que denominam “um genuíno mover de Deus” .

Nós, batistas, não cremos nesse conceito caricato de uma igreja que precisa ser resgatada. Ela é – e continuará sendo – coluna e esteio da verdade (1Tm 3.15b). Seu resgate deu-se pelo sacrifício eficaz de Jesus, na cruz (Mc 10.45).

Também não cremos em sucessão apostólica, pois não foi essa a ênfase de Jesus, ao indicar aqueles que dariam continuidade à sua missão. Os apóstolos foram escolhidos para salvaguardar a mensagem do evangelho autêntico. Neste anúncio, eles transmitiram, da parte de Deus e de seu Filho Jesus, o testemunho que deu forma e dinâmica ao corpo de Cristo (1Co 15.22).

Qual tem sido a ênfase dos ministérios eclesiásticos em nossos dias? Tem-se enfatizado a mensagem, ou o mensageiro? O conteúdo evangélico, ou estratagemas humanos?

A confirmação do testemunho apostólico
Demonstrações de poder e grandes sinais seguiram os atos dos apóstolos de Jesus. Esses milagres incluíam a expulsão de demônios e a cura de enfermos, sempre acompanhando a pregação do evangelho (At 2.43; 2Co12.12; Hb 2.3b,4). Dessa forma, confirmava-se diante de todos a realidade da comissão divina.

Em Gálatas, entretanto, o apostolado de Paulo ressalta outros dois fatores comprobatórios da validade de seu testemunho, os quais passamos a considerar:

1) Sua nova vida em Cristo, confirmada pelos demais cristãos 
O ponto de partida para testemunho do evangelho de Cristo é a cidade de Jerusalém, que constituía a base do culto judaico e o berço da igreja cristã. Nessa cidade, Paulo relata seu encontro com os apóstolos Pedro e Tiago, o irmão do Senhor (Gl 1.18,19), e afirma que se deu a conhecer aos cristãos que ali viviam (Gl 1.22). Sua reputação como pregador do evangelho havia se espalhado rapidamente e a igreja glorificava a Deus por esse redirecionamento (Gl 1.24).

Quando “aprouve a Deus” (Gl 1.15a), o perseguidor passou a ser perseguido; o destruidor de vidas passou a edificá-las (Gl 1.23). Todos reconheceram a mudança na vida do mais voraz perseguidor da igreja, pois, em favor da salvação pela graça, Paulo abriu mão de tudo por amor a Jesus Cristo (Fp 3.8). Essa é a mais importante evidência na vida de um pregador.

2) As vidas transformadas, em decorrência da sua pregação
Paulo esperava que sua conversão fosse um paradigma para os cristãos da Galácia (Gl 4.12), pois a segunda evidência que confirma seu testemunho apostólico é a transformação na vida dos ouvintes da mensagem cristã.

Dentre os muito exemplos bíblicos, dois sobressaem:
• a vida de Tito, companheiro de Paulo e seu filho na fé, que é descrito por ele como “o irmão cujo louvor no evangelho está espalhado por todas as igrejas” (2 Co 8.18);
• os cristãos da igreja em Corinto. Paulo ressalta que os efeitos da pregação ali demonstram, conclusivamente, a validade da mensagem que lhes fora pregada (2Co 1.6).

O impacto deixado por Cristo em nossa vida é perceptível à sociedade?

Conselhos úteis

A igreja não reproduz apóstolos, simplesmente permanece fiel à doutrina apostólica (At 2.42; Tt 1.9), a fim de oferecer ao mundo o testemunho de Deus (At 4.33; 1Co 2.1). Assim é que os discípulos de Jesus tornam-se embaixadores de Cristo (2Co 5.20a) e, dessa forma, cumprem com autenticidade sua vocação missionária (1Pe 2.9).

Não devemos e não podemos nos envergonhar do testemunho do Senhor, apesar das provas e tribulações deste mundo. Pelo contrário, estimulados pelo poder do Espírito, lutemos em favor do evangelho e ofereçamos um modelo digno de ser seguido, para a honra e glória do nosso Deus (2Tm 1.8).

Autor das Lições:
Pr. Davi Freitas de Carvalho, formado em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, RJ, é o atual pastor da Igreja Batista em Vila Jaguaribe, Piabetá, Magé, RJ e é o Coordenador de
Educação da Associação Batista Mageense.

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