sábado, 18 de janeiro de 2025

No deserto - VIII

A passagem pelo deserto desenvolve uma realidade meio confusa: ao mesmo tempo em que se deseja a solidão, tem-se o desejo de estar entre a multidão. E, num certo sentido, o deserto amplifica a tensão entre a multidão e a solidão. As duas realidades precisam ser bem administradas. 

Na solidão, podemos reoxigenar a mente, conversar intimamente com Deus, reencontrar consigo mesmo, avaliar e reavaliar a caminhada, firmar propósitos novos na relação com o pai e com o próximo, enfim, é uma realidade em que amadurecemos.

No meio da multidão, o deserto torna-se menos amedrontador. A companhia de outros, o sofrimento do próximo e o compartilhar dores, dissabores e favores amenizam as atrocidades do deserto.

Segundo Charles Baudelaire, “Quem não sabe povoar sua solidão, também não saberá ficar sozinho em meio a uma multidão”.

Invista em seu tempo de solidão e não despreze a bênção da multidão. Deus tem prazer na solidão. Deus tem prazer na multidão. Mas não permita que a solidão se instale e considere maravilhosa a recepção.

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