sábado, 27 de outubro de 2018

Ponte de ferro


Ainda na pré-adolescência vendia cocadas pelas ruas empoeiradas da amada Cardoso Moreira. Segundo minha mãe, eu sugeri a atividade para ajudar no orçamento da casa, em tempos difíceis. Nas lembranças dela, disse: “Mãe, a senhora faz cocada tão gostosa, faça para eu vender para as pessoas”.

Certo dia, depois de andar aproximadamente dez quilômetros, estava do outro lado do Rio Muriaé, praticamente em frente à nossa casa. Três eram as possibilidades: fazer todo o caminho de volta, atravessar a nado ou caminhar uns quinhentos metros e atravessar uma ponte de ferro e em poucos minutos chegaria à casa. Optei por esta.

Ao chegar à ponte e dar os primeiros passos, o espaço entre os vãos me causou temor e descobri o medo de altura. Mais tarde, aprendi que é acrofobia.

Tive vontade de me arrastar, mas não tive coragem. A saída foi retornar e fazer todo o percurso de volta, que fora aumentado com a ida até à ponte.

Há poucos dias, parei o carro, atravessei de um lado para o outro e ainda fiz um filme para marcar.

Não desista de seu desafio, mesmo que o vença quarenta anos depois.

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