quinta-feira, 26 de abril de 2012

A falácia que afirma sermos todos iguais


Pr. Neemias Lima

A convite, participei do 1º Fórum de Direitos Humanos. Teço comentários a partir de um conceito apresentado bem no início dos debates. Alguns oradores tentaram dar consistência à ideia de que o preconceito deveria ser banido porque todos somos iguais. Não discordo do conceito, mas presumo que a materialização não é tão simples assim.
Conceitualmente, somos iguais a partir dos desdobramentos: 1º - diante de Deus, ninguém é melhor ou pior que o outro; 2º - a composição química de cada ser é igual, destacando os casos de patologias; 3º - nenhum ser humano tem domínio sobre a existência de sua vida.
Mas entre o conceito e a prática há uma distância muito grande e aqui exatamente nasce o preconceito. Aquele fica no campo das ideias e aquela no campo dos interesses. Estes também não são um problema em si desde que não sejam escusos. Porém, o maior problema é que os interesses, em grande parte, são próprios.
Não se tem necessidade de cursar uma graduação ou ir além para ver que o acesso a tratamento especial de saúde é privilégio de uns poucos. O mesmo ocorre com a educação de qualidade (aliás, o calcanhar de Aquiles dos envolvidos com a educação pública é que a maioria de seus filhos está na rede privada). O próprio sistema capitalista provoca tal comportamento. É uma corrida desenfreada para buscar o melhor lugar e as melhores condições, situação que só alcança os que tem recursos para se prepararem melhor. Por sinal, até mesmo a tão badalada proposta de concursos para o serviço público passa por essa problemática, pois que igualdade de direitos se as condições de preparo foram diferenciadas? É notório o maior aproveitamento de um aluno urbano comparando-se com um de zona rural. E por aí vai.
Que fazer, então? Desistir? Não. Como sugere Thomas Edison, “nossa maior fraqueza está em desistir. O caminho mais certo de vencer é tentar mais uma vez”. Até porque, como afirma Thomas Edison, “muitas das falhas da vida acontecem quando as pessoas não percebem o quão perto estão quando desistem”.
Devemos reconhecer, entretanto, que a desistência nem sempre é um fracasso, mas uma dor, como assumiu Bob Marley: “Difícil não é lutar por aquilo que se quer, e sim desistir daquilo que se mais ama. Eu desisti. Mas não pense que foi por não ter coragem de lutar, e sim por não ter mais condições de sofrer”. Ou como sugere Clarice Lispector, um dilema indecifrável: “Não sei se quero descansar, por estar realmente cansada ou se quero descansar para desistir”.
Houve um que não desistiu. Foi até o final. Ainda que sua coroa tenha sido de espinhos e seu trono trocado por uma cruz. Ele, que é e veio como divino, também veio como humano, para entender os que sofrem por sistemas cruéis. E apresentou a regra áurea para qualquer discussão de direitos humanos: “Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas" - Mateus 7.12.
Nele, em Cristo, somos todos iguais. Direitos humanos só através do divino.

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