sábado, 7 de julho de 2012

Artigo muito interessante!


FESTIVAL DE COMPOSIÇÕES MUSICAIS
Theógenes E. Figueiredo (*)

O  evento  denominado  RIO+20  E  OS  BATISTAS  foi  um  importante  acontecimento promovido pelo Departamento de Ação Social da Convenção Batista Brasileira, que ocorreu nos dias 22 e 23 de junho na Capela do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (Rio de Janeiro – RJ), encontro no qual foi trabalhado o tema DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO PONTO DE VISTA CRISTÃO.

Na sexta-feira, dia 22 de junho, aconteceu o  FESTIVAL DE COMPOSIÇÕES MUSICAIS, realizado em parceria com o Curso de Música da FABAT/STBSB – Faculdade Batista do Rio de Janeiro do Seminário do Teológico Batista do Sul do Brasil. Esse evento foi coordenado por Mark  Greenwood  e  Luciene  Fraga  da  Diretoria  do  Departamento  de  Ação  Social  e  por Theógenes E. Figueiredo e Gustavo Germano do Curso de Música do Seminário do Sul.

O  Festival  buscou  incentivar  a  produção  de  canções  religiosas  para  o  canto congregacional  que,  de  maneira  ampla,  tratassem  do  tema  desenvolvimento  sustentável, tema que requer ações conscientes e urgentes por parte de toda a sociedade. Como  objetivo específico, o  Festival  buscou a produção  de  canções religiosas,  em estilos  nacionais,  cujas  letras  incentivassem  a  comunidade  Batista  brasileira  a  ações direcionadas ao desenvolvimento sustentável e à preservação do meio ambiente.

A comissão de avaliação foi formada pelo Pr. João Soares da Fonseca (PIB Rio), pela Profa.  Stella  Junia  Ribeiro  (IB  Méier)  e  pelo  MM  Ramon  Chrystian  de  Almeida  Lima  (IB Itacuruçá). Os itens avaliados foram: a coerência com o tema proposto, a comunicabilidade da letra, a musicalidade da canção e a adaptabilidade ao canto congregacional.

As músicas concorrentes foram: “Criação”, do compositor Hélio Júnior, da cidade de Cabo Frio (RJ); “O planeta é meu e seu”, do compositor Marcelo de Souza Zenícola, da cidade do Rio de Janeiro (RJ); “E viu Deus que tudo era bom”, da compositora Denise Cordeiro de Souza Frederico, da cidade de Brasília (DF); e, “Tudo era muito bom!”, da compositora Jozana J. Conceição Figueiredo, da cidade do Rio de Janeiro (RJ).

Após a apresentação das músicas,  a comissão de avaliação comunicou a todos os presentes  o  resultado  e  apresentou  suas  considerações  sobre  cada  uma  das  músicas, classificando-as na ordem apresentada no parágrafo anterior. Os jurados conclamaram aos autores a continuar  o  desenvolvimento  desse  dom especial  da  composição musical,  cujos frutos, suas composições, poderão ser de muito benefício aos batistas brasileiros.
Uma pergunta pode vir à mente: por que realizar um festival de composições musicais?

Em primeiro  lugar, a realização do Festival tem tudo a ver com uma religião que é conhecida como a “religião que canta”. O cristianismo é uma religião que canta. Não o canto solo, mas o canto comunitário, o canto participativo. “Quando a própria pessoa canta, isso implica mais participação ativa do que quando ela ouve outra pessoa cantando, por mais superiores que sejam os méritos musicais da mesma”

1Nesse contexto da religião que canta, os textos das canções ocorrentes nos cultos passam a fazer parte do repertório cotidiano dos crentes e têm o poder de alcançar o íntimo de cada um.
Esse  repertório  de  hinos  e  cânticos  produz  um  conhecimento  religioso  tal  que  os estudiosos afirmam que “o melhor material para um levantamento da teologia [...] é a hinódia [...]”

. Entende-se por hinódia o conjunto de hinos e canções utilizados por uma comunidade, sejam aqueles disponibilizados em hinários ou não.
Dessa hinódia surge o hinário que é tido como “o mais eficiente manual de teologia da comunidade cristã”, pois se considera que “a teologia que mais se imprime no coração do povo é a que se canta e não a que fica encerrada nos textos eruditos”

A teologia que se canta nas canções religiosas são “muito mais importante que os discursos religioso, doutrinário, ou teológico”

Em segundo lugar,  porque questões contemporâneas, que não foram pensadas ou abordadas  pelas  gerações  anteriores,  se  apresentam  às  novas  gerações  e  são, necessariamente,  objeto  de  reflexão  à  luz  da  palavra  de  Deus.  Exemplo  disso  é  o  tema sustentabilidade, isto é, um “modelo de desenvolvimento que busca conciliar as necessidades econômicas,  sociais  e  ambientais  de  modo  a  garantir  seu  atendimento  por  tempo indeterminado e a promover a inclusão social, o bem-estar econômico e a preservação dos recursos naturais”

. Tal tema somente agora emerge como importante para a sociedade em geral e não foi alvo, até a presente data, de preocupação dos compositores musicais.

Em  terceiro  lugar,  um  festival  de  composições  musicais  fomenta  o  surgimento  de canções em estilos da cultura musical brasileira. Uma constatação a respeito da origem das canções  (hinos e cânticos)  que  estão  presentes no  repertório  atual de nossas igrejas é a seguinte:  em  sua  maioria  –  mais  de  noventa  por  cento  –,  são  músicas  de  outra  cultura, principalmente norte-americana (música alienígena, como afirma um de nossos escritores).

Será  que  as  expressões  (estilos)  musicais  presentes  na  cultura  brasileira  não  têm “competência” para estar presente em nosso hinário? Não cabe aqui essa discussão, contudo, vale dizer que as canções que são cantadas em nossas igrejas são estilos musicais de outras culturas, culturas alienígenas.Um Festival de composições musicais, portanto, é necessário e é urgente. A hinódia brasileira, que não é somente aquela constante dos hinários, e é, sim, toda a produção de hinos (canções religiosas) existente em nosso país, encontra-se sendo enriquecida com novas canções produzidas a cada dia em todas as regiões do nosso Brasil. Entretanto, e infelizmente, essas canções carecem de divulgação. Um festival de composições musicais apresenta-se como uma boa oportunidade de mostrá-las, visualizá-las e compartilhar essas canções com os irmãos de outras localidades.

(*) Theógenes E. Figueiredo é ministro de música e professor. Possui doutorado em Ciências  da  Religião  e  mestrado  em Etnomusicologia. É docente do Seminário do  Sul/FABAT  e  exerce  a  função  de assistente  da  coordenação  geral acadêmica  para  o  Curso  de  Música daquela Instituição de Ensino Superior.

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