quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Fumaça de Náufrago

        O navio afundou, mas ele se salvara milagrosamente. Mais morto que vivo, acabou chegando à praia de uma ilha que depois descobriria deserta.
          Não tendo com quem conversar, resolveu que iria conversar com Deus. Todos os dias, orava fervorosamente, pedindo o milagre do resgate. Chegava a dormir, observando o horizonte na esperança de ajuda, mas nada acontecia, como se o tempo tivesse parado para ele.
          Precisando abrigar-se, conseguiu, com muito custo, juntar folhas secas e galhos, improvisando o que seria a sua casa. O tempo foi passando, mesmo parecendo parado. Quem viu as agruras que Chuck Noland, o personagem de Tom Hanks, sofreu numa ilha no Sul do Pacífico no filme Náufrago (Cast Away), lançado no ano 2000, nem precisa imaginar.
          Pois um dia, nosso personagem saiu a percorrer a área à procura de qualquer coisa para comer. E eis que, de repente, o tempo fechou. O temporal desabou. Um raio caiu e feriu com fúria uma árvore próxima e incendiou o que ele considerava a sua "casa".
          O náufrago não conteve mais a sua revolta contra Deus. Dedo em riste para as alturas, desabafou:
          - Por que tanta infelicidade? Não bastava o naufrágio, agora o desamparo total?
          Deu socos no ar, chorou a sua miséria, e foi dormir mais incrédulo do que nunca.
          Algum tempo depois, um pontinho, alguma coisa surgia no horizonte sem novidades. E foi crescendo lenta mas consistentemente. Era um navio. Um navio se aproximava da ilha.
          A euforia do resgate se associou à curiosidade e quis saber como o descobriram ali:
          - Vimos uma grande coluna de fumaça no céu.
          Pediu perdão a Deus por reclamar. A casa incendiada fora a sua salvação.
          Da próxima vez que algum "raio" destruir o que você considera tão importante nesta vida, lembre-se, pode ser um ato da providência de Deus em seu favor.

Pr. João Soares da Fonseca

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