quinta-feira, 13 de junho de 2013

Escola Bíblica Dominical - Lição 11 - 16.06.2013

Lição 11 - A luta interior (I)
Texto bíblico: Gálatas 5.16-26

A liberdade que Cristo oferece não significa ausência de conflitos. Pelo contrário, uma vez liberto, cada cristão é colocado, diariamente, numa arena, para lutar.

Nessa ‘anfiteatro da alma’, duas influências opostas combatem para exercer o domínio sobre o salvo. De um lado, a ‘carne’, que significa a inteira natureza terrena do homem, sua sensibilidade e razão, apelando para o pecado. Do outro, o Espírito Santo, o agente da santificação (Gl 5.17a).

Nesta lição, focalizaremos a “agonia” diária de enfrentar a velha natureza. Tal qual os atletas gregos, que combatem por um prêmio (1Co 9.25), cabe-nos a “luta” interior, a fim de resistir aos apelos da carne e de nos deixar conduzir pelo Espírito (Ef 6.12).

O fermento que faz crescer toda a massa

Estamos em luta constante contra a natureza pecaminosa (Hb 12.4; Rm 7.20). Matthew Henry, comentando essa luta, diz: “Se fôssemos cuidadosos para agir sob a direção e poder do bendito Espírito Santo, mesmo que não fôssemos libertos dos estímulos e da oposição da natureza corrupta que procura permanecer em nós, esta não nos dominaria”.

O pecado atua como fermento na igreja cristã (1Co 5.6-8). Essa levedura da “maldade e da malícia” descreve a rápida e perigosa difusão das manifestações pecaminosas, que se denominam “obras da carne” (Gl 5.19). Listas de pecados semelhantes aos dessa descrição podem ser encontradas em Romanos 13, 1Coríntios 3, Efésios 5, Colossenses 3 e 1Pedro 4.
Em Gálatas, as obras da carne assim se manifestam:

Nossa impureza interior

Paulo trata da impureza da alma fazendo uso de três palavras gregas (Gl 5.19; Cl 3.5):
● porneia (prostituição, fornicação – 1Ts 4.3);
● akatharsia (impureza física e de intenções e motivos – 1Ts 4.7);
● aselgueia (dissolução, paixão lasciva, licenciosidade, atitude impudica – Ef 4.19).

A palavra prostituição é associada em muitas passagens com a fornicação e o adultério. Ilustra o abandono de Deus, no Antigo Testamento (p. ex.: Jr 3.8) e mantém-se estreitamente relacionada com as relações sexuais ilícitas.

Impureza é o viver motivado por uma intenção maldosa, maliciosa. É pecado capaz de gerar uma vida licenciosa, desregrada e luxuriosa, como parece comportar-se a geração de nosso século.

Lascívia está mais ligada aos procedimentos escandalosos contra a decência pública, como palavrões e os movimentos corpóreos indecentes. Eis dois exemplos:
(1) o ‘funk’, por exemplo, apregoa a violência e os jovens repetem tais gestos desde a mais tenra idade.
(2) Vídeos que exaltam a sensualidade e a sexualidade, promovendo o desejo sexual e os movimentos pélvicos insinuando o ato sexual pelos cantores de Rock and Roll em suas apresentações.

Que atitudes devemos tomar para “fugir” da prostituição (1Co 6.18)?
Que comportamentos comuns em nossos dias são motivados pelos pecados que descrevem a impureza da alma?

Atitudes impuras em relação a Deus
As palavras gregas do segundo grupo estão relacionadas às atitudes errôneas dos homens em relação a Deus (Gl 5.20a):

● eidololatria (idolatria, adoração de um ídolo ou de uma deidade representada por um ídolo, geralmente como imagem – Jn 2.8);
● pharmakeia (feitiçaria, magia, encantamento – Ap 18.23).

Paulo considerava a idolatria uma estultícia humana e representava uma perversão da religião verdadeira (Rm 1.22.23; At 17.16).

A idolatria constituía um perigo constante para os gálatas. Eles haviam sido salvos dos ídolos (Gl 4.9). Precisavam, portanto, evitar aquela estrutura sociopolítico-cultural idólatra de sua época (At 15.19,20). Isso não era nada fácil, pois na província romana da Ásia (onde se situava a Galácia) funcionava um dos maiores centros de promoção do culto ao imperador.

A feitiçaria, por sua vez, associava-se à idolatria no Mundo Antigo (1Sm 15.23). A palavra grega deu origem à palavra ‘farmácia’ em nossa língua, pois os feiticeiros usavam ‘drogas’ em seus encantamentos.

A indústria musical é um exemplo de produção de idolatria e dessa capacidade de “enfeitiçar”, de adormecer o homem real, com problemas reais, nas causas sociais.

Algumas letras vêm à mente, em razão do uso de imagens mundanas para falar do relacionamento com Deus: “Pai, olha para mim, estou aqui desesperado por mais de ti” (assim fica o dependente químico, antes da próxima dose); “embriagado de amor” (pergunte-se: o amor de Deus embriaga, inebria, tira a consciência?!).

Muitos cultos que se dizem cristãos parecem estar mais para sessões de encantamento do que para atos de culto. Bandeiras da fé, terra de Jerusalém, folhas de oliveira, água benta, e tantas coisas encontradas nas reuniões religiosas de algumas igrejas “evangélicas” apontam para essa atitude supersticiosa que está ligada à obra da carne conhecida como feitiçaria.

Por que o pecado da idolatria provoca aversão e indignação em Deus e resulta em aflição para o pecador (Sl 16.3,4)?

Impurezas nos relacionamentos humanos

A lista dos pecados relacionais, em Gálatas, contempla: (a) “inimizades”, (b) “contendas”, (c) “ciúmes”, (d) “iras”, (e) “facções”, (f) “dissensões”, (g) “partidos”, (h) “invejas”, (i) “bebedices”, (j) “orgias” (Gl 5.20b,21).

Uma tradução das palavras gregas apontaria os seguintes sentidos para as obras da carne acima citadas: 

a) ter ou manter atitudes de inimizade com pessoas (virar o rosto, falar mal de, tratar mal etc.);
b) espírito de contenda, manter viva uma disputa;
c) rivalidade gratuita contra alguém, quase sempre movido pela inveja;
d) explosões de raiva, com gritos, brigas e insultos;
e) espírito politiqueiro, tentativa de estar sempre ganhando vantagem (principalmente com falsos elogios ou elogios insistentes não merecidos);
f) jogar uma pessoa contra outra;
g) opinar e pautar o comportamento de modo contrário à doutrina que prevalece, muitas vezes conscientemente (por escolha pessoal);
h) a inveja propriamente dita, portanto, uma palavra ligada a “ciúmes”;
i) intoxicar-se de bebida, embriagar-se;
j) participar de festas lascivas ou orgíacas.

Essas traduções sugerem alguns comportamentos nossos que precisam mudar? Eis a batalha interior a que Paulo se refere, em que esses instintos pecaminosos cedem lugar ao estímulo do Espírito.

Jorge Luiz Borges escreveu:
“As ditaduras fomentam a opressão,
As ditaduras fomentam o servilismo,
As ditaduras fomentam a crueldade;
Mas o mais abominável é que elas fomentam a idiotia”.

De que forma as palavras em destaque podem ser relacionadas com a “ditadura do pecado” na alma humana?

Hora de separar o trigo do joio

A metáfora do trigo e do joio é excelente para explicar nossa luta diária para viver segundo o Espírito, em detrimento da satisfação da carne (Mt 13.24-30). Trigo e joio crescem juntos, até a hora da colheita. Colhido, o trigo segue para o celeiro. O joio para nada serve, senão para ser destruído pelo fogo.

Do mesmo modo, nós, os salvos, acumulamos em nossa experiência humana tanto componentes bons (que devem ser guardados, cuidadosamente) como ruins (que devem ser evitados, conscientemente). Isso requer autodisciplina e implica a submissão da nossa consciência aos ditames da Palavra de Deus.

Ações efetivas:

1) Purificar-se das “imundícies da carne e do espírito”, mediante o arrependimento e confissão de pecados, para a santificação no temor de Deus (2Co 7.1);
2) Dizer “não” ao mundo e seus apelos, os quais se dirigem para a natureza pecaminosa (1Jo 2.16; Gl 5.24; Rm 13.14);
3) Não acompanhar pessoas que andam na concupiscência da carne, nem se deixar convencer por seus conselhos blasfemos (2Pe 2.10,18; Cl 2.22,23);
4) Ser um bom mordomo do tempo e do corpo (1Pe 4.1,2);
5) Não confundir liberdade (de pecado) com libertinagem (licença para pecar) (Gl 5.13a).
Conselhos úteis

Gálatas nos adverte da força destrutiva dos nossos instintos pecaminosos. Essa é uma forte razão pela qual devemos resistir à sua influência e, pelo poder do Espírito, vencê-los.

Não vivamos, portanto, para satisfazer as obras da carne. Quem assim age é designado pela expressão “homem natural” (do grego, psíquico), isto é, alguém inclinado para os instintos carnais, um “menino” em Cristo (1Co 2.14; 3.1).

Na continuação desta lição, veremos como ocorre a superação dos instintos pecaminosos, pelo fruto do Espírito.

Autor das Lições:
Pr. Davi Freitas de Carvalho, formado em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, RJ, é o atual pastor da Igreja Batista em Vila Jaguaribe, Piabetá, Magé, RJ e é o Coordenador de Educação da Associação Batista Mageense.

Nenhum comentário:

Postar um comentário