sábado, 15 de abril de 2017

Pedro

            Foi o pior shabat de sua vida. O que era para ser dia de descanso tornou-se uma tormenta. O estridente cantar do galo naquela madrugada soou-lhe aos ouvidos como acusação. Estava arrasado. Tudo se perdera.
            Num ouvido ecoava a voz acusadora do tentador: “Você é um traidor, você o negou! Você é meu!”. Sua consciência o acusava: “Ainda que todos te abandonem, eu nunca te abandonarei!... Estou pronto para ir contigo para a prisão e para a morte... Mulher, não o conheço... Eu não sou um deles... Homem, não sei do que você está falando!”.
            Lágrimas. Choro amargo. Dor. Solidão. Pensamentos correm velozes sugerindo solução humana. Lembra-se do companheiro de caminhada. Novamente, o tentador: “Você fez pior do que ele!”. Tudo se acabou. Ele está no túmulo. Aqui, um covarde.
            No outro ouvido ecoa a voz suave e terna: “O Pai lhe dará outro Conselheiro para estar com você para sempre... Ele estará com você e estará em você... Não o deixarei órfão; voltarei para você... No mundo, terá aflição, mas tenha bom ânimo, eu venci o mundo”.
            Ele se lembra do olhar. Aquele olhar. Olhar terno. Olhar perdoador. Olhar encorajador. Reanima-se. Levanta a cabeça. Prossegue! É transformado num baluarte.

            Ah, o olhar! Não importa o que se tenha feito, Ele dirige o seu olhar! Olhe para o Mestre! A vida voltará!

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